terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poderia ser eu a escrever, mas nunca descreveria tão bem!

Nós sabemos, simplesmente sabemos!

"Nunca fui muito dada a mariquices. Nas relações, quero dizer. Nunca fui muito de ai-que-já-estou-a-morrer-de-saudades-apesar-de-te-ter-deixado-há-segundos-atrás, esse tipo de coisas ronhonhó. Até hoje, só me tinha acontecido com uma pessoa, tanto que as minhas relações não duram mais do que umas semanas - eles começam com a brincadeira das saudades, do ronhonhó, e eu ponho-me a andar em dois tempos. Num só tempo, na realidade - o de ir, e pronto. Comecei a achar que o problema era meu, que já não sabia gostar, que não conseguia ver além dos defeitos das pessoas nem ligar-me a elas. Eu tentava, e tentava, mas não conseguia fazer questão de saber deles todos os dias, não passava o tempo a olhar para o telemóvel com o coração a palpitar de expectativa, e mais rápido adormecia a pensar no preço da gasolina do que neles. Eu já acreditava que o problema era meu. Porém, entretanto, percebi. Eu simplesmente não estava apaixonada por eles. Podia achar-lhes alguma piada, mas a paixão, essa prima duvidosa do amor, não estava do meu lado. Quando estamos apaixonados, nós sabemos, é tão simples quanto isso. Sabemos, porque voltamos a ter 16 anos e passamos o tempo a trocar sms com ele - e nunca ficamos sem bateria, nem sem saldo, nem sequer sem rede, e nunca nos esquecemos do telemóvel num lado qualquer. Sabemos, porque o nome dele aparece no visor do telemóvel e o nosso estômago dá três mortais encarpados à rectaguarda. Nós sabemos, porque, quando estamos apaixonados, pensar na última conversa que tivemos curva-nos automaticamente os cantos da boca para cima, e pensar no sorriso dele automaticamente afasta-nos os lábios num mostrar de dentes até aos sisos que se chama "sorriso tolo". Quando estamos apaixonados, sorrimos que nem tolos. Mesmo que sejam 3h da manhã e que saibamos perfeitamente que às 6h temos de estar de pé - o que é que isso interessa, se estamos acordadas para falar com ele e ir dormir significa perder tempo e sorrisos tolos preciosos? Nós sabemos quando estamos apaixonados, porque o tempo voa e em simultâneo arrasta-se, um dia parecem três Outonos porque ele não está e o mais perto que ele pode estar nunca é perto o suficiente. Sabemos, porque tudo o que ele faz é maravilhoso e adorável, mesmo que o tenhamos achado um bocado parvo quando eram outras pessoas a fazê-lo. Sabemos que estamos apaixonados quando todas as músicas nos cantam a nossa história, quando queremos contar-lhe o sabor do gelado que comemos nesse dia, quando todas as ruas têm o nome dele e o gritam sem cessar. Quando estamos apaixonados, nós simplesmente sabemos, porque outra voz não nos dá um nó na traqueia, nem queremos acertar o nosso caminho com o de mais ninguém."

11/02/2012

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